Pausa antes do fim
“Hoje eu paro
e lembro a vida
releio meus atos
vejo a avenida.”
Hoje eu parei de escrever.
hoje eu olho as pessoas,
vejo que o mundo existe
e sempre existiu
mesmo eu não o vendo.
As coisas voltam a ter brilho pálido
o cinza das ruas mistura-se as pessoas
volta a existir dor
e rostos tristes,
nem tudo é belo.
(Eu olho as pessoas
e vejo que elas também me olham)
As palavras ficaram vazias
falava sobre sentimentos
mas não com eles.
(Amor era apenas um palíndromo de quatro letras!)
Não havia sabor nas palavras,
nem som, nem ritmo, nem cor
eram palavras e só.
Sei que voltarei a escrever,
mesmo não vendo como,
mesmo não acreditando,
mesmo não querendo,
sei que de súbito
o amor vai me tomar
coração, alma e razão.
então não terei nada
e o nada me fará cheio, completo.
(No entanto vazio.)
Não quero isso,
quero alegria e esquecimento,
nada eterno, nada de planos.
(Quero curvas, sem vozes)
Mas como esperar que o amor,
um sentimento que é luz,
apague no fundo do lugar,
onde justamente anunciou
noites em claro
e dias escuros.
(Acontecimentos causados pela sua ausência.)
Sei que ainda sou sentimentos,
ainda choro com música,
procuro sorrir se estou a lembrar,
sei que terei outro amor
e de novo o coração a palpitar,
mas também sei que sonho
quando quero me convencer
que nunca mais pensarei em você.
10/03
Histórico:
Versos brancos, de um coração vermelho.
RS