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O choro e o gosto

Foi-se o tempo dos boêmios. A noite, que era estrelas,
agora é pintada por luzes
de janelas frias e sem rimas,
de prédios igualmente tristes.
As ruas estreitas, de meias sombras,
antes o lar dos prazeres,
agora ocultam o medo
de se afastar do caminho
de, enfim, perecer.
Agora o cheiro e gosto do vinho
não precede fortes cafés,
com discussões sobre nacionalidade
do verdadeiro ouro negro,
antecedem, sim, o cheiro de queima,
som de luzes das casas de cura,
choro e lágrima do que se perdeu.
Agora não há boemia,
nem vida sofrida,
pelo menos não de amor.
Não há utopia,
nem anarquia,
só corações em torpor.


 

06/04

Histórico:

 

A nostalgia de alguém que não teve algo.

 

RS

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